... e um pouco depois.
(errou. tente aqui, agora)
Então. Fui assistir A Paixão de Cristo sábado, 13h00, sessão família, sessão quase lotada. Impressionante. Em que pese o pedido do advogado paulista Jacob Goldberg em restringir o filme a maiores de 18 anos, a sensação era que o que estava prestes a começar era Procurando Nemo, dada a quantidade de crianças no local. E refrigerante. E pipoca. Se eu desse mais atenção a sinais desse tipo já teria previsto o que iria acontecer dali em diante: uma das coisas mais horrorosas que vi em anos, menos pelas quase duas horas de tortura explícita a que Jesus é submetido e mais pelo perigo que uma produção dessas representa quando pensamos na tonelada de imbecis reacionários que não precisam de meia vírgula para saírem às ruas espancando judeus, negros, gays etc.
Eu já havia lido a respeito, mas o choque de ver o estado romano sendo isentado completamente da culpa pelo assassinato de Cristo foi grande. Mel Gibson não é só um maniqueísta mão-pesada. Também é um irresponsável ao interpretar - da forma que mais agradou à sua corrente religiosa - um texto tão popular e tão significativo (por isso mesmo tao inflamável) quanto os Evangelhos, acreditando você ou não no que está escrito ali. O filme é claramente anti-semita e não adianta dizer que os responsáveis por essa sensação no filme representam uma pequena elite, e não todo um povo. O estigma racial é o que fica, e não o social. Taí a Alemanha como prova.
Não tomo partido de nada e de ninguém em se tratando de religião, mesmo porque não sigo nenhuma, mas me sinto incomodado quando sujeitos ultra-poderosos e fundamentalistas fazem uso do alcance de seus nomes para reescrever uma parte da história da humanidade ao seu bel-prazer. Ah, e o filme é muito mal feito.