31.3.04
 
Enfim, uma conclusão

(errou. tente aqui, agora)

Um verdadeiro canceriano, assim como eu - da gema mesmo - jamais acredita em horóscopo.
 

 

29.3.04
 
Glossário de intenções e resultados aplicáveis em finais de semana etílicos: (em férias)

(errou. tente aqui, agora)

(diurno)

Pitgmaturar: acordar no sábado pela manhã, todo pimpão, e se mandar pro Barigui disposto a correr 12 km em 1 hora.

Litovrar: lembrar que está em férias e mandar a intenção anterior pro raio que o parta.

Lupadar: ficar na cama até as 11h apontando o controle do decoder p/ todas as superfícies reflexivas do quarto a fim de, em ricochete, mudar a maior quantidade possível de canais.

Poalhar: manter um bloco de rascunho ao lado da cama, aguardando idéias geniais para posts.

Delitescência: a arte de rasgar em tirinhas bem finas as páginas do bloquinho.

AÊ!: grito de triunfo ao encontrar dois canais transmitindo exatamente a mesma propaganda. De preferência com um delay de 2 segundos, porque daí parece eco e é bem mais legal.

Hmngr: resmungo de frustração ao se perceber o esquecimento do CD do Killing Joke dentro do player do carro.

Demonetar: análise dos prós e contras em erguer-se da cama em busca do maldito CD.

Eguaricar: continuar na cama.

Espicular: lembrar-se de coisas novas na geladeira e levantar imediatamente.

(noturno)

Elenoforar: incorrer, pela trigésima vez, na besteira de ficar dando voltas atrás de uma vaga próxima ao bar, ao invés de enfiar o carro num estacionamento, logo de uma vez.

Capivarar: torcer instintivamente o nariz para o "povo estranho" que de uma hora para outra começou a frequentar o "seu bar", já na entrada do mesmo.

Eguar: busca visual alucinada atrás de algum rosto conhecido, pra não ficar ali em pé, sozinho, com cara de idiota (pleonasmo situacional).

Vriesiar: já enturmado, começar a ter idéias estranhas tipo: "Ei, essa música é bacana. Acho que vou dançar". Em seguida, olhar de forma estranha para a cerveja em sua mão. E pedir mais uma.

Talmudisticar: convencer o maior número possível de incautos a dançar junto com você. Afinal, amigo é pra isso mesmo.

Han Solo
: ser abandonado na pista na metade da segunda música.

Zigocacto: lampejo de lucidez ao se dar conta de que você não dança porra nenhuma, uma vez que a história toda se limita a uma espécie de pogo com um interminável headbanging.

Zignema: palavra muito antiga e de origem desconhecida que quer dizer, aproximadamente: "Ah, que se foda".

Zigócero: fazer zigocacto por quase 40 minutos.

Urjamanear: ir atrás de mais cerveja.

Jar Jar Binks: lá pelas tantas reconhecer, em meio a turba, uma garota que você só conhece de vista.

Cavalear: falar alguma estupidez abissal, mas que na hora lhe parece a coisa mais sensata do mundo.

Tranquear: fazer zigócero o resto da noite.

Yoda: sentar numa cadeira qualquer e fazer cara de quem não se divertiu nem um pouco, o mais idiotamente blasé possível.

Ravanastrar: intencionar se mandar dali. Por 17 vezes.

Lucidar: voltar para casa escutando Rammstein em volume 28, berrando e acompanhando o ritmo no voltante.

(atemporal)

Indefinível: acordar com as lentes de contato enroladas em algum canto atrás das pálpebras e lembrar que o pescoço humano é feito de músculos, tendões, cartilagem e algum osso, e não de espuma como se pensava na noite anterior.
 

 

23.3.04
 
Umas vinte coisas ligadas ao boxe que você deveria saber antes de tomar seu primeiro cruzado de esquerda...

(errou. tente aqui, agora)

Em 1743, quando Jack Broughton criou as primeiras regras organizadas a partir do London Prize, destacavam-se:

"Pinta-se um quadrilátero em superfície lisa, não maior que 8 metros quadrados. Tal medida faz-se necessária a fim de coibir as corridas à cata do adversário que sistematicamente vem acontecendo a certa altura do combate."

"O tempo que o pugilista pode ficar deitado passa a ser agora de 30 segundos, ficando os métodos de tentativa de reanimação restritos a chutes nas pernas, tapas e balde d'água."

"Nesse meio minuto o adversário caído é considerado intocável. Um lutador de joelhos, com as mãos juntas implorando misericórdia também é considerado adversário caído."

"Após esse tempo considera-se eliminado o lutador que não conseguir voltar para seu canto, com ou sem ajuda do auxiliar, vetando-se assim qualquer tipo de arrasto utilizado anteriormente."

"Se a luta for realmente importante os lutadores podem escolher, entre os presentes, dois árbitros."

+ Essas regras só sofreram sua primeira alteração em 1839, quando o ringue passou a ter exatamente 6 metros quadrados. O uso das luvas só se tornou obrigatório a partir de 1891, junto com uma série de outras regras que permanecem praticamente inalteradas até hoje.

+ Os golpes fundamentais:

(Com o juiz olhando)

* Direto: estique o braço da defesa diretamente nas fuçanhas do adversário. A força do golpe está ligada à impulsão das pernas.

* Swing: é aquele giro bem largo que o lutador faz com o braço, na altura do ombro, e que geralmente não acerta coisa alguma pois até o Woody Allen consegue antecipar esse golpe.

* Uppercut: todo indivíduo, antes de morrer, deveria ser agraciado com a realização de três coisas ao menos uma vez na vida: entrar num táxi e dizer "siga aquele carro"; mandar o gerente da sua conta à merda; desferir um Uppercut perfeito. Funciona assim: dobre um pouco os joelhos, incline ainda mais a cabeça e dê um pequeno gancho com o braço de ataque. Mire o baço, fígado, coração, plexo solar e, principalmente, o queixo do cidadão à sua frente - preferencialmente na Hora do Chamego.

* Hora do Chamego: é o clinch. Não sendo propriamente um golpe, trata-se daquele momento em que os dois pugilistas simplesmente não aguentam mais de cansaço e praticamente desmoronam em pé, abraçados. Serve para recuperar um ou dois segundos de fôlego antes do Corno acabar com a brincadeira.

* Corno: juiz.

* Cross ou Cruzado: gire o tronco bem rápido impulsionando o braço de ataque num semicírculo, não mais alto que a linha do ombro. É onde geralmente mais se toma contra-golpe, portanto não esqueça de manter a defesa erguida e as preces em dia.

* Jab: é um filhote do Direto. Bem rápido e de pouca potÊncia, serve principalmente para irritar o adversário levando-o a lhe chamar de filho da puta.

* Hook ou Gancho: filhote do Uppercut. A diferença é que ele é aplicado de uma distância um pouco maior, com mais impulsão e, consequentemente, mais potÊncia.

* Série: a soma de alguns ou de todos os golpes descritos acima de uma vez só.

* Nocaute: o resultado da soma de duas ou mais Séries em sequência.

(Com o juiz cochilando):

* Traulitada: se o gancho passar muito além do alvo original, mude a trajetória e acerte a nuca do fulano.

* Paulistinha: avance a perna de ataque e, sem querer, pisoteie a joanete do iluminado.

* Sem Mãe: imobilize o braço do oponente e, também em gancho, peque as costelas flutuantes do infeliz. Dói pra cacete.

Os Pesos em Categorias:

- Amadores: mosca (até 51kg), galo (até 54), pena (até 57), leve (até 60), meio-médio-ligeiro (até 63,5), meio-médio (até 75), meio-pesado (até 81) e pesado (acima de 81).

- Profissionais: mosca (50,152kg), galo (53,524), pena (57,152), leve (61,237), meio-médio-ligeiro (63,500), meio-médio (66,678), médio-ligeiro (69,853), médio (72,574), meio-pesado (79,378) e pesado (acima de 79,378kg).

- "Tô nem aí pra essa porra": a rigor, todos aqueles que excedem o máximo das duas categorias anteriores. As nomenclaturas aí variam de região para região, indo do "sem pescoço" em algumas, ao "meiguinho" em outras. Facilmente identificáveis em academias de várzeas, caracterizam-se pela inobservância e/ou ignorância dos limites de peso, fazendo uso geral do popular "fez sombra tô batendo" ou "misturadão".

Você sabia que...

... ao contrário do que se pensa, o ideal é manter a musculatura solta e relaxada no momento do golpe? E que os dedos da mão só se fecham completamente em formato de punho quando o soco atinge o alvo?

... o instante do nocaute é quase indolor?

... o protetor bocal tem um gosto horrível?

... na falta de vaselina, vai uma mistura de água com óleo de cozinha mesmo? (Eu sei, eu sei. Ficou meio estranho isso.)

... um adversário mais baixo tem mais chances contra um mais alto, pois seu centro de gravidade está mais perto do chão?

E é isso. Em nosso próximo encontro trataremos da maneira correta de um pugilista ser criado em cativeiro, do uso ou não do mau hálito em algumas modalidades e da real importância do treinamento próximo a pronto-socorros 24 horas. Até lá e stay tuned.
 

 

 
Duas coisas ligadas ao boxe que, após algum tempo, já me sinto seguro o suficiente para afirmar:

(errou. tente aqui, agora)

- Suar não emagrece.
- Crucifixo invertido é - realmente - uma coisa do diabo.
 

 

21.3.04
 
... e um pouco depois.

(errou. tente aqui, agora)

Então. Fui assistir A Paixão de Cristo sábado, 13h00, sessão família, sessão quase lotada. Impressionante. Em que pese o pedido do advogado paulista Jacob Goldberg em restringir o filme a maiores de 18 anos, a sensação era que o que estava prestes a começar era Procurando Nemo, dada a quantidade de crianças no local. E refrigerante. E pipoca. Se eu desse mais atenção a sinais desse tipo já teria previsto o que iria acontecer dali em diante: uma das coisas mais horrorosas que vi em anos, menos pelas quase duas horas de tortura explícita a que Jesus é submetido e mais pelo perigo que uma produção dessas representa quando pensamos na tonelada de imbecis reacionários que não precisam de meia vírgula para saírem às ruas espancando judeus, negros, gays etc.

Eu já havia lido a respeito, mas o choque de ver o estado romano sendo isentado completamente da culpa pelo assassinato de Cristo foi grande. Mel Gibson não é só um maniqueísta mão-pesada. Também é um irresponsável ao interpretar - da forma que mais agradou à sua corrente religiosa - um texto tão popular e tão significativo (por isso mesmo tao inflamável) quanto os Evangelhos, acreditando você ou não no que está escrito ali. O filme é claramente anti-semita e não adianta dizer que os responsáveis por essa sensação no filme representam uma pequena elite, e não todo um povo. O estigma racial é o que fica, e não o social. Taí a Alemanha como prova.

Não tomo partido de nada e de ninguém em se tratando de religião, mesmo porque não sigo nenhuma, mas me sinto incomodado quando sujeitos ultra-poderosos e fundamentalistas fazem uso do alcance de seus nomes para reescrever uma parte da história da humanidade ao seu bel-prazer. Ah, e o filme é muito mal feito.
 

 

 
No início...

(errou. tente aqui, agora)

Houve um tempo em que eu achava que era ajuizado e torcia o nariz para esse vitrinismo todo de páginas pessoais, blogs, fotologs e o caralho aquático. Da mesma forma que eu também não entendia porque o meu gosto pessoal não era utilizado como padrão de felicidade universal ou tábua de salvação da humanidade em geral.

Mas daí Nick Cave virou um chorão insuportável, Martin Amis passou a pensar que era Agatha Christie e P.T. Anderson só não virou geléia porque às vezes a estrela é mais forte que o talento. Ou, ao menos, assim eu pensava. Demorou pra eu sacar que o problema com esse time descrito - e outros que agora me escapam - está bem mais em mim do que imaginava, e que se justificar a partir da suposta decadência alheia é o mesmo que mijar em incêndio. Ou seja, não adianta nada mas é legal pra cacete.

Portanto, por culpa do Bruno e da Eve, bem-vindos à Motosserra.

P.s.: Por medo de se decepcionar, qual o filme que você mais ama e não quer rever de jeito nenhum?
 

 


Faltam apenas para o seu mais espetacular acerto de contas contigo mesmo.
TRALHA ENCOSTADA NO CANTO:
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