15.4.04
 
E cada coisa em seu lugar

(errou. tente aqui, agora)

Coisas que já fiz:

Eu já me escondi atrás de um poste. Para não cumprimentar um sujeito desagradável. E girei miudinho ao redor dele até o fulano desaparecer rua abaixo.

Já embriaguei uma formiga. Juro. Fazendo caipirinha. A dita se aproximou de uma gota na pia, atraída pelo açúcar, e saiu lentamente em direção ao ralo. Foi a única crítica a um drinque meu que levei realmente a sério.

Já fiquei preso num elevador. Na Biblioteca Pública. Por quase 40 minutos. Apertei todos os botões daquela porra e sentei num canto, envergonhado demais para berrar por ajuda. Quando a porta abriu encarei o técnico, que fazia algum tipo de manutenção do lado de fora – o tempo todo a cerca de um metro e meio de onde eu estava.

Também já empurrei um sujeito numa cadeira de rodas para dentro de uma valeta. Sim. Era véspera de ano novo e eu estava bêbado. O sujeito também. Era um amigo que havia se estropiado de moto e eu o ajudava a vencer o meio-fio, no litoral. O gosto teria sido bem mais doce se eu não tivesse caído junto, digamos assim, na camaradagem etílica.

Já fiz uma poesia para uma garota. Por volta dos meus 12 anos. Enfiei-a dentro de um envelope caprichado, junto com algumas folhas secas e pedi para um conhecido em comum entregar para ela. Santa inocência. O diabo da declaração jamais chegou ao seu destino: foi parar no mural da escola e o pior é que o nome dela era citado. E eu, é claro, tinha assinado. Quase virei punk ali mesmo. Mas antes, vergonha. Muita vergonha.

Uma coisa que guardo em casa, só para causar inveja no Zé Carlos:

O primeiro disco, em vinil, do Dexy’s Midnight Runners: Searching for the Young Soul Rebels. Comprei naquela loja que ele tinha no Shopping 7. Tão barato que pensei que o preço na etiqueta era pra gravá-lo, não adquirí-lo. No dia seguinte fiquei sabendo que ele havia me procurado pelo circuito todo – queria comprar o disco de volta. Isso foi há dez anos. De lá pra cá, pelo menos uma vez por ano ele me faz uma oferta. Eu ouço, fico um pouco em silêncio e respondo que vou pensar. Sempre. O gosto é doce.

Coisas que guardo em casa, mas que sempre nego a existência:

- Um K7 importado do Brian Eno (Apollo) que roubei de um bar chamado Poeta Maldito, em 91.

- A ficha de consumação 001 de 04.11.98, do James, provando que fui o primeiro cliente daquela birosca.

- Uma foto autografada do Jerry Lewis.

- Todos os exemplares do Trendie onde escrevi alguma porcaria. (Acho que nem o Tupan se deu ao trabalho de guardar isso.)

- Um cinzeiro do Voltz. O único que apareceu por lá em anos. Foi uma disputa sangrenta.

- Eu confesso. Comprei uma fronha com o Morrissey estampado ao lado da frase "last night I dream’t that somebody loved me". Eu sei, eu sei. É terrível. Mas quase todo mundo comprou isso naquele show. (Certo, Rafael?)

- Um cubo mágico esquecido no fundo da gaveta de meias. Não posso me furtar a manter intacto uma tradição do final dos 80.

- Chaves. Milhares delas. Dentro de um engradado de madeira em minha oficina na garagem. Guardo cada uma que encontro desde a infância. Penso em pavimentar uma calçada com elas. Derretê-las e fazer uma âncora. Soldá-las em forma de abajur. Costurar uma cota de malha e... ok, ok. Você tem razão. Vou jogá-las fora amanhã.

Uma coisa que não entendi, recentemente:

Essa última propaganda da Pepsi, com a Britney Spears, Beyoncé e Pink vestidas de gladiadoras num coliseu e gritando "we will rock you". E aí? Qual o motivo daquilo tudo? Cadê a mensagem subliminar? Acho que algo se perdeu na tradução. Ou, sei lá, não consumo Pepsi o suficiente para compreender certos mecanismos publicitários.

Uma coisa que me intriga, até hoje:

Tá legal. Já se passou tempo suficiente desde a estréia. Dá pra alguém agora me explicar o motivo da existência daquela maldita galinha em O Homem Que Copiava?
 

 


Faltam apenas para o seu mais espetacular acerto de contas contigo mesmo.
TRALHA ENCOSTADA NO CANTO:
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