O que eu e o Chico Anysio temos em comum
(errou. tente aqui, agora)
Dos meus acidentes domésticos na infância às sessões adolescentes de Havoc com meu primeiro carro...
Das minhas certezas indissolúveis aos 20 que viraram farinha aos 30...
Do meu primeiro disco "ah, só tem uma faixa legal mas vou levar assim mesmo" ao meu primeiro corte de cabelo estúpido...
Do meu primeiro porre memorável ao primeiro murro que levei no boxe...
Da minha primeira sensação agradável de déja vu à última desagradável de "já vi isso antes"...
... praticamente não há nada que, comparando, eu não me arrependa mais do que ter acendido aquele primeiro maldito cigarro, há treze anos, ali na rua João Manoel em frente ao bar do Charles.
Hoje, exatamente, faz um ano e meio que parei com (pelo menos) essa idiotice, portanto me dou o direito de soltar esse clichê, surrado porém verdadeiro: nunca me senti tão bem. Para ficar em apenas um bom exemplo, meu V.O. (volume de oxigênio nos pulmões) praticamente triplicou: dá pra correr 12 km em 1 hora sem precisar mais de R.C.P. (reanimação cardio-pulmonar) como no início. Abraços aí, turma do Siate do parque Barigui.
Agora, uma das últimas coisas que quero que me aconteçam nesse mundo (fora me tornar amigo do Netinho) é descobrir em meu repertório aquelas ladainhas de ex-fumantes chatos (aparelho identificador de pleonasmo apitando aqui) e entupidos de uma insuportável sabedoria do tipo "eu já passei por isso, filho. Ouça o que eu digo".
Mas hoje, coincidentemente, acordei com um pigarro leve e constante - desses que tem uma única função prática, além de movimentar o mercado fabricante de pastilhas e xaropes: te lembrar que (ao contrário dos cílios da traquéia, de alguns milhares de neurônios e das sensações prazerosas em geral) há coisas que vão demorar um bom tempo para sumir do mapa, mein Eingeweihter.