Matuschanskayasky não tem amigos
(errou. tente aqui, agora)
(Afora o gibi) eu já havia lido a respeito do Harvey Pekar por ocasião da treta que ele teve com o David Letterman - há algum tempo atrás - e acho que foi ali que comecei a me dar conta do quanto estou de saco cheio de uma espécie específica de loser: o tipo patológico.
Desconforto esse que no Anti-Herói Americano tem uma origem: a convivência a que somos submetidos com sujeitos que legam ao mundo a culpa pela ausência de estrelas em suas vidas. Que responsabilizam a prefeitura pelos buracos nos sapatos na mesma medida em que se alimentam de um saudosismo que só existe na cachola de cada um deles.
O que há de tão interessante num ponto de vista tão derrotista como o dele talvez seja exatamente o que ocorre aqui, nesse texto, e que vem acontecendo há décadas como resultado direto: o que há de tão legal assim na vida desse ex-arquivista para que falemos a respeito? É um caso curioso de um filme muito legal sobre um sujeito que eu sequer cumprimentaria na rua, daí a questão: gostei porque o que já li do American Splendor era desenhado pelo Crumb, ou porque a curiosidade mórbida sobre a vida alheia falou mais alto?
Já sabia, mas não havia tido a oportunidade de confirmar a teoria de forma tão completa - até esse sábado. É verdade: existem filmes que são danados de bons por (ou apesar de) apresentarem personagens que são muito irritantes, chatos, pentelhos, negativistas e - nesse caso - sujos. Mas não pelo lado Walter Matthau da coisa. Pelo lado doentio, mesmo.