12.11.04
 
Primeira aula de retórica aplicada

(errou. tente aqui, agora)

Olá, srs. extraterrestres.

Resolvi dar um pulo nessa tranqueira porque algo me ocorreu domingo passado, enquanto assistia Os Esquecidos:

Sempre tive uma queda endêmica pelo inacreditável, em preferir as versões mais fantasiosas em detrimento às objetivas e racionais (navalha de occam? tsá...) e em aplaudir as mentiras mais elaboradas.

Por isso nutro uma simpatia pelos abduzidos. Porque provavelmente não exista nada acerca da sua existência/inexistência que me interesse mais que os relatos absurdos dessas supostas vítimas que vocês fazem questão de espalhar pelo nosso mundinho.

Neguinho com implante na cabeça, lapsos de tempo e memória, cicatrizes, testemunhos emocionados de visões das mais diversas, etc. Tudo isso carrega um potencial romântico irresistível para um consumidor de ficção científica do meu tamanho.

Mas me respondam: por que os zé-manés? Qual o motivo de vocês só escolherem os zé-roelas para um passeiozinho pela galáxia? Quer dizer, posso até compreender que isso sirva aos seus interesses - já que a potencial inconfiabilidade na história de um indivíduo desses serviria para mantê-los na moita - mas...

Vejam bem: se eu fosse um alien poderoso o suficiente para vencer distâncias estonteantes (seja isso um erro nosso de raciocínio ou similar) e que mantivesse o canhão de prótons permanentemente escovado e apontado em direção a esse planetinha, posso lhes garantir que estaria pouco me fodendo para a boataria a meu respeito.

Analisem o caso da Mae West. No auge de seu furor uterino e ao contrário da maioria de suas contemporâneas, ela fazia questão de trepar com qualquer um que cruzasse seu caminho. Sua lógica era indevassável: se um encanador chegasse para sua roda de amigos e dissesse "comi a Mae West" ele seria prontamente desacreditado. E um ilibado, respeitável e prestigiado juiz jamais o faria temendo basicamente o mesmo, porém pelo inverso. Ou seja: apesar de toda sua voracidade, ela era virtualmente intrepável.

Acredito que o "Paradoxo de Mae West" poderia muito bem ser aplicado nalguma figurinha pública dessas, portanto. Cuja credibilidade aos olhos do cidadão médio ainda estivesse livre de arranhões na lataria, claro. O Jô Soares, por exemplo. Seria interessante ver como esse sujeito insuportável, tracionado pela sua notória incapacidade de calar a boca, reagiria à monumental vontade de relatar ao mundo seu contato imediato do terceiro grau. E, por extensão, observar a reação de seu tão adestrado público.

O que teríamos, a partir daí? Um progressivo mal-estar em sua rede de relacionamentos, irradiada de fora para dentro, até o (para mim) saudável e inevitável ostracismo? Ou a exceção do paradoxo: impelido pela estrondosa manifestação favorável de seus acólitos e embevecido pelas luzes de matizes jamais vistas nesse mundo... Jô Soares monta uma igreja da nova era.

Foi só uma idéia. Na verdade, eu queria dizer o seguinte: como acredito que vocês continuarão abduzindo apenas nós, os populares, peço: caso meu nome esteja aí como próximo na lista, utilizem um método de sucção diferente do mostrado n'Os Esquecidos. Aquilo deve doer pacas.

 

 


Faltam apenas para o seu mais espetacular acerto de contas contigo mesmo.
TRALHA ENCOSTADA NO CANTO:
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