Gasoline man
(errou. tente aqui, agora)
Tenho insetofobia. Não sei se o nome é esse mas sei que tenho.
E não apenas por aqueles que são unanimidade no asco universal, tipo taturanas e baratas. Na amplitude do meu pânico tem espaço suficiente para borboletas e libélulas, veja você. Mas consigo me controlar com moscas e pernilongos. Porém abelhas e marimbondos me regridem a um estado animal parecido com o dos meus antepassados quando eram acuados por um daqueles bichos pré-históricos de grande porte - coelhos assassinos e esquilos dentes-de-sabre, por exemplo.
Num desses postos de combustível da av. Toaldo Túlio trabalha um frentista cuja delicadeza, voz em falsete, unhas pintadas e o nome em diminutivo no crachá só reforçam a impressão de que "algo está fora da ordem por aqui" ao vê-lo saltitando entre latas de óleo, estopas imundas, cheiro de diesel e motores MWM anunciando o apocalipse.
Até ontem pensei em escrever algo a respeito, fazer alguma piadinha sobre como nossas tradições masculinas estão sendo exterminadas aos poucos, etc. Pensava. Porque hoje cedo, nesse mesmo posto, uma vespa cuspida das fossas do inferno entrou pela janela do meu carro e ficou zunindo furiosamente a centímetros do meu rosto.
Não posso transcrever exatamente o que aconteceu em seguida (costumo ficar momentaneamente cego quando acho que vou morrer) mas, a julgar pela cara do frentista citado, o show que dei ao saltar do carro me estapeando descontroladamente deve ter sido memorável.
Portanto foi assim que - antes que aquele maldito sorriso se transformasse numa oferta de ajuda ("quer uma aguinha com açúcar, sr.?") - juntei do chão o que restou da minha dignidade, dei a partida e desapareci rua acima sem meu post original e com o tanque tão cheio de vento quanto estava antes.