"It is not the kind of album a 25-year-old band is supposed to make."
(errou. tente aqui, agora)
Quinta-feira. 27 de outubro de 2005. Por volta das 23h30:
Depois de algum custo, consigo respirar em meio ao abraço vitaminado por seis anos de desaparecimento de um antigo camarada. Seu nome é Resende e ele está bestamente bêbado:
- Cara! Não acredito que te encontrei aqui! Filho da puta! No show do Napalm Death!
E tome abraço. O desgraçado é forte. Tenho 1,82 de altura, 80 quilos e estou suspenso a vinte centímetros do chão. Tento apoiar meu pé de um jeito que a eventualidade de um tombo não me quebre mais que duas ou três costelas.
- Saudades também, seu corno! - consigo dizer enquanto mapeio mentalmente minhas costas em busca de sinais vitais do baço e rins. Encontro os rins.
Ele me solta no chão e bota as mãos em meus ombros. Sinto como se dois cachos de bananas tivessem pousado em cada lado da minha cabeça. Ele então sorri e diz:
- Vou mijar. Guentaí que já volto. Cara! Não acredito que você tá aqui, seu bosta!
E some em meio ao povo.
Enquanto massageio minha lombar da melhor forma que o braço consegue alcançar, meu amigo Theo surge pela esquerda e segreda:
- Você já ouviu o último do Depeche Mode?
Olho pra ele e por um instante esqueço a dor. Peraí, raciocino. Estamos prestes a presenciar a mais ignorante experiência sonora que nos foi permitida esse ano. Tanto que se eu pudesse lhe diria: você está prestes a testemunhar um verdadeiro milagre envolvendo seus óculos e um stage dive kamikaze. Que papo é esse de Depeche Mode?
- É sério. - responde ele, lendo meu pensamento - Escute. Vale muito a pena.
Cerca de quarenta minutos depois já não pertencemos mais a esse mundo. O Napalm sobe ao palco e simplesmente PULVERIZA tudo aquilo que acreditávamos até então como parâmetro de brutalidade. É um dilúvio balsâmico e purificador. O mais perto de uma catarse que já ousei chegar sem medo de perder a entradinha do retorno. É magnífico.
Após o show, suado e feliz, estou dirigindo de volta pra casa quando páro em um semáforo e a nota mental bate à porta: ouvir o último do Depeche.
E é o que faço, quase uma semana e meia após o alerta. E sou obrigado a concordar aqui, também com o delay que é todo próprio de minha agradável e procrastinante pessoa: escutem essa maravilha. E sejam felizes, seus putinhos.