3.12.05
 
Rubberneck

(errou. tente aqui, agora)

Das coisas que sobem à superfície quando converso com a Carne.

Demonstrações de felicidade não são exatamente o meu forte, você bem sabe. Pelo menos as mais comuns. Não acho que a grande maioria mereça ser sinalizada, afinal. Entretanto, quando o pouco controle que tenho sobre meu corpo vira fumaça, é exatamente aí que resolvo externá-las através de um headbangin' rápido e - se o descontrole instalar casinha - interminável.

Sim, eu sou aquele cara que você viu outro dia, aguardando o semáforo enquanto batia a cabeça a centímetros do volante.

Lembra quando você estava assistindo ao Marcas da Violência, algumas semanas atrás? Cerca de cinco poltronas à direita da sua era o meu nariz que o rabo do seu olho via, martelando o ar em arco como um picapau bêbado.

Por volta dos meus quatro anos tive um surto curto e intenso de felicidade explosiva quando ganhei um trem de lata. Estava sentado no chão, encostado à parede de madeira junto com meus primos quando Noel em pessoa anunciou meu nome. Minha nuca estava perto de um prego que eu não havia visto. Três curtíssimos headbangin' e um mês depois uma verruga cresceu no lugar do ferimento - só para ser removida cirurgicamente 26 anos adiante.

Felicidade é ter um centímetro a mais de coluna vertebral, ano após ano.

Guardo numa memória mais que afetiva a reação de minha professora de matemática, ao me ver atravessar um corredor de cinqüenta metros em 7 headbangin' - na mão direita o boletim que me lançaria à série seguinte.

Minha felicidade me custou um valor razoável em óculos e relaxantes musculares.

Ao longo de um tempo menos exibicionista, desenvolvi técnicas para bater cabeça em público sem ser visto. Dentro de um ônibus em movimento, lendo numa praça, nadando na praia. Sabiamente desisti de tamanho trampo e hoje só evito fazê-lo quando trepo, em respeitosa salvaguarda do nariz alheio.

A felicidade é um feixe bem azeitado de tendões, músculos e cartilagens num constante balançar eventualidade afora. Pois é. É do meu pescoço que me refiro.

Minha expressão máxima de felicidade pública me regride a um estado sensorial semianimalesco - e sim, eu amo muito tudo isso:

Pra começar, algo leve. Faça um teste e veja o quanto a proximidade de um torcicolo pode ser prazerosa, redentória e renovadora da flora cerebral.

Por via das dúvidas, afaste-se do monitor.

 

 


Faltam apenas para o seu mais espetacular acerto de contas contigo mesmo.
TRALHA ENCOSTADA NO CANTO:
março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 março 2007 


Powered by Blogger  Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com
Design by the Offman