Remember, remember... the 5th of november...
(errou. tente aqui, agora)
Lev Grossman, romancista e crítico literário que conseguiu ficar mais famoso por ter sido o último animal vivo na terra a entrevistar Johnny Cash - e não exatamente pelo resultado de sua ficção - não gostou de V de Vingança. Ou melhor, não gostou da idéia de V de Vingança.
Daí escreveu um artigo sobre. Na Time.
No geral não dou muita pelota para adaptações de HQ para o cinema. Efeito colateral de lombo curtido: na esmagadora maioria são ruins mesmo. Faz a gente aprender a contar as exceções na razão de 2 por 100.
E as coisas boas que vi (Hellboy, Batman Begins) não foram suficientes para arrefecer a felicidade secreta que sempre senti a cada tentativa infrutífera de filmarem uma das duas únicas HQs que julgo indubitavelmente foda: Watchmen, em primeiro.
(Que agora - com a saída de Paul Greengrass da direção e a entrega do projeto para outro estúdio - fez com que meu contador de paúra descesse dois níveis na escala. Com sorte, acontece mais uma dança de cadeiras na diretoria da Warner e o filme é empurrado para 2018. Com mais sorte ainda, eles desistem definitivamente de Watchmen e não corro o risco de presenciar a mais catastrófica adaptação de quadrinhos na história recente da humanidade.)
E em segundo, claro, V de Vingança. Cuja versão em celulóide estréia nesta sexta, lá fora. Pra nós, em 7 de abril.
No geral não dou muita pelota para críticas de adaptações de HQ para o cinema. Mas o mais interessante - de tudo que se consegue ler até agora a respeito do filme, sendo isso o mais esclarecedor - é concluir que não se deve levar em consideração tanto a opinião desse sr. Grossman quanto a do pai das crianças, o próprio Alan Moore. O primeiro porque não passa de um escritor médio norte-americano. Médio no pior sentido do termo, médio em busca de ser um Dan Brown. Médio que, como resenhista de livros, julga errado um escritor trafegar por gêneros distintos de literatura. E médio que escreve para uma das revistas mais doentes e estúpidas dos EUA.
E o outro porque é um gênio indiscutível, um luminar do gênero, mas burro o suficiente para achar que uma editora do porte de uma DC Comics não iria fazer valer uma cláusula do contrato que ele assinou. Um pequeno adendo, ali na margem, onde determina que os direitos dos dois títulos só voltariam para o autor assim que a editora resolvesse não mais publicá-los. Evidentemente, tanto uma história quanto a outra jamais tiveram suas republicações canceladas ao longo dessas últimas duas décadas e meia - situação essa que pode, no mínimo, manter-se assim pelos próximos 50 anos.
Aí é fácil entender porque ele tem urticária ao ver seu nome associado a Watchmen ou V de Vingança. E porque ele classifica como lixo qualquer coisa que venha a ser produzida a partir de suas maiores obras-primas.
De qualquer forma, sei que verei as duas. Só ainda não decidi como. Vai ser difícil: ou entro no cinema e fico com as mãos sobre os olhos, abrindo os dedos de quando em quando - temendo pela interpretação que Andy Wachowski e seu irmão travesti tiveram da idéia original -, ou espero para alugar o DVD.
O problema vai ser botar ele pra rodar na sala enquanto dou um jeito de ficar atrás da porta trancada do quarto, espiando pelo buraco da fechadura.
(e, para seu deleite, diretamente do último Flaming Lips que ainda está para ser lançado: trilha especial para dedos cruzados)