Equívoco é elogio
(errou. tente aqui, agora)
V de Vingança só não é ainda pior do que me alertaram todas essas matérias e entrevistas lidas nos últimos meses porque não cheguei a ler tudo. Mesmo assim não me poupo: penso que a culpa pelo erro consciente pesa três vezes mais.
Horrível, horrível, horrível. O caráter maravilhosamente trágico de um personagem sendo reduzido aos trejeitos afetados de um pobre coitado presunçoso que só a legitimidade da catástrofe daria algum crédito!
Que nos abraçássemos à derradeira tábua de salvação do filme ainda assim afundaríamos tal qual um prego: mesmo sendo encarado como somente um filme de ação o resultado é igualmente pavoroso, lento, bobo, mal resolvido.
Quando não se espera grande coisa, a cada cena, a cada seqüência, a cada mísero plano você tenta esquecer o que já foi visto nos quadrinhos. Nesse caso em vão, nem preciso dizer. Ainda que você dê a volta ao globo para evitar uma comparação mais direta, sem a opressividade magistral dos traços do David Lloyd o estado totalitário do filme parece mais um paraíso capitalista de primeiro mundo cercado por telas JVC.
O caráter maravilhosamente trágico de um personagem sendo reduzido ao vaudeville magro de um mímico de rua.
O empolamento da voz.
A "humanidade" que os Wachowski quiseram dar ao personagem fazendo-o quebrar o espelho com a máscara: todos os redatores da Televisa devem ter sentido o fígado nessa hora.
Não sei o que é pior: ter a certeza que meus medos eram fruto de minha mesquinharia ou vê-los se concretizando através da mesquinharia alheia.
E ao inferno com tudo. Agora, nesse exato instante, meu humor atingiu níveis abissais.