Preciso me lembrar disso constantemente
(errou. tente aqui, agora)
A cada dia que passa me pergunto quanto vale a pena o serviço de alguém que, hipoteticamente falando, pudesse passar o dia ao seu lado apenas para lhe lembrar o quanto não vale a pena.
(é... e sempre é bom poder lembrar por outros meios, tovarisch...)
Feira de ciências
(errou. tente aqui, agora)
Dentro do Canadá existe um estado chamado Manitoba. E dentro dele uma cidade chamada Brandon que, por sua vez, é o endereço de um sujeito chamado Ian.
Brandon é conhecida como a "Cidade do Trigo" no rincão que faz parte, e também como uma das dez melhores cidades para se viver por aqueles lados. Manitoba tirou seu nome da expressão ojibway "manito-bau", que era o jeito que os índios se referiam ao "Grande Espírito" que acreditavam habitar um de seus lagos. E o Canadá você conhece: foi de lá que surgiu aquele filme do Terrance & Phillip que botou as mães de South Park em guerra contra o país.
Ian é proprietário de uma oficina que conserta computadores e afins. Como tal, costuma receber semanalmente meia tonelada de tralha que tentam lhe vender como peças de reposição "em bom estado". Um dia, vindo de uma farmácia das redondezas, alguém trouxe até Ian um display de LEDs.
Um display de LEDs é, como o nome diz, uma placa luminosa feita com algo em torno de 6000 LEDs (pequenas lâmpadas) que se iluminam de um jeito e numa ordem específica formando textos, imagens e gráficos. Você já viu um no Itaú.
Um dia, com o auxílio de seu amigo Dave, Ian reestruturou a programação da placa para torná-la capaz de mostrar textos escritos de qualquer lugar do mundo, em qualquer computador, através da web. Textos e também imagens.
E pendurou a placa no teto de sua oficina em Brandon, Manitoba, Canadá - junto com uma câmera de vídeo que transmite através da internet tudo o que nela aparece. Em atualizações quase instantâneas: escreveu aqui, no segundo seguinte tá lá.
Depois de me refazer do choque espetacular que tive (desses que você só tem quando vê algo REALMENTE genial e estúpido pela frente), resolvi testar a bagaça.
Comecei com algo gentil:
Depois, teologia:
Passando por um pouco de marketing:
(Com mais especificidade):
Partindo para um totalitarismo franco:
E terminando com uma tradicional mensagem de comunhão entre povos de nações tão diferentes:
E uma série de outras que... bão, vocês já pegaram a idéia. Entrem lá, digitem a besteira que lhes vier à telha e façam com que o mundo saiba o quanto está perdendo em não tê-los no top ten da Amazon.
(e música, cambada, que hoje eu tô pimpão)
Vote no imperador
(errou. tente aqui, agora)
Pela dedicação, pelo patriotismo, espírito de sacrifício, pelo bom uso da máquina pública, justeza, lisura nos procedimentos, caráter acima de qualquer suspeita, pelos ouvidos sempre abertos para a opinião alheia e pela gigantesca demonstração de rara inteligência...
Abrace essa causa:
INDIQUE O GOVERNADOR ROBERTO REQUIÃO PARA
A MENÇÃO HONROSA DO DARWIN AWARDS!Mais uma campanha
Nível3 pelo devido assentamento dos pingos em seus respectivos Js.
(e música, maestro!)
Big Head strikes again
(errou. tente aqui, agora)
E essa história toda de entrevistas e pontos de vista me lembrou o quanto acho um saco entrevistas e pontos de vista. Ainda sou partidário de que a melhor versão deve se constituir fato, pela manutenção do ânimo das tropas e dos índices de audiência em geral. Em minha distopia, o Costinha seria meu Ministro das Comunicações ideal. Portanto, não fossem capitais para se fundamentar uma opinião, ficaria feliz de sequer passar os olhos por qualquer entrevista de hoje até o final dos tempos.
Há algo de insidioso no formato pergunta-e-resposta de uma entrevista. Algum elemento altamente desagradável que não consigo definir com clareza. Aliás, que não conseguia, até ler essa aqui, publicada hoje no Guardian, tratando do lançamento do novo disco do Morrissey.
E tratando também do obsoletismo que podemos atualmente tascar na testa de uma entrevista, nessa nossa era pós-Google.
Tá certo que o cara é um fã, mas a maneira como esse Douglas Coupland montou o artigo - como uma coletânea de impressões - desconchavadamente anula o efeito de "cilada armada" mesmo não se ouvindo o que a outra parte tem a dizer.
O texto é longo, mas vale a pena. Principalmente pelas "citações infames" e pelo "como os outros o vêem" no final.
Aliás, para baixar todo o disco, clique aqui. Ou, se preferir, espere até 21 de março para ouvi-lo na íntegra através do Myspace do indivíduo. Ou, sei lá, compre-o quando for lançado oficialmente em 4 de abril, mr. righty...
Remember, remember... the 5th of november...
(errou. tente aqui, agora)
Lev Grossman, romancista e crítico literário que conseguiu ficar mais famoso por ter sido o último animal vivo na terra a entrevistar Johnny Cash - e não exatamente pelo resultado de sua ficção - não gostou de V de Vingança. Ou melhor, não gostou da idéia de V de Vingança.
Daí escreveu um artigo sobre. Na Time.
No geral não dou muita pelota para adaptações de HQ para o cinema. Efeito colateral de lombo curtido: na esmagadora maioria são ruins mesmo. Faz a gente aprender a contar as exceções na razão de 2 por 100.
E as coisas boas que vi (Hellboy, Batman Begins) não foram suficientes para arrefecer a felicidade secreta que sempre senti a cada tentativa infrutífera de filmarem uma das duas únicas HQs que julgo indubitavelmente foda: Watchmen, em primeiro.
(Que agora - com a saída de Paul Greengrass da direção e a entrega do projeto para outro estúdio - fez com que meu contador de paúra descesse dois níveis na escala. Com sorte, acontece mais uma dança de cadeiras na diretoria da Warner e o filme é empurrado para 2018. Com mais sorte ainda, eles desistem definitivamente de Watchmen e não corro o risco de presenciar a mais catastrófica adaptação de quadrinhos na história recente da humanidade.)
E em segundo, claro, V de Vingança. Cuja versão em celulóide estréia nesta sexta, lá fora. Pra nós, em 7 de abril.
No geral não dou muita pelota para críticas de adaptações de HQ para o cinema. Mas o mais interessante - de tudo que se consegue ler até agora a respeito do filme, sendo isso o mais esclarecedor - é concluir que não se deve levar em consideração tanto a opinião desse sr. Grossman quanto a do pai das crianças, o próprio Alan Moore. O primeiro porque não passa de um escritor médio norte-americano. Médio no pior sentido do termo, médio em busca de ser um Dan Brown. Médio que, como resenhista de livros, julga errado um escritor trafegar por gêneros distintos de literatura. E médio que escreve para uma das revistas mais doentes e estúpidas dos EUA.
E o outro porque é um gênio indiscutível, um luminar do gênero, mas burro o suficiente para achar que uma editora do porte de uma DC Comics não iria fazer valer uma cláusula do contrato que ele assinou. Um pequeno adendo, ali na margem, onde determina que os direitos dos dois títulos só voltariam para o autor assim que a editora resolvesse não mais publicá-los. Evidentemente, tanto uma história quanto a outra jamais tiveram suas republicações canceladas ao longo dessas últimas duas décadas e meia - situação essa que pode, no mínimo, manter-se assim pelos próximos 50 anos.
Aí é fácil entender porque ele tem urticária ao ver seu nome associado a Watchmen ou V de Vingança. E porque ele classifica como lixo qualquer coisa que venha a ser produzida a partir de suas maiores obras-primas.
De qualquer forma, sei que verei as duas. Só ainda não decidi como. Vai ser difícil: ou entro no cinema e fico com as mãos sobre os olhos, abrindo os dedos de quando em quando - temendo pela interpretação que Andy Wachowski e seu irmão travesti tiveram da idéia original -, ou espero para alugar o DVD.
O problema vai ser botar ele pra rodar na sala enquanto dou um jeito de ficar atrás da porta trancada do quarto, espiando pelo buraco da fechadura.
(e, para seu deleite, diretamente do último Flaming Lips que ainda está para ser lançado: trilha especial para dedos cruzados)
Um universo de bobagens ao alcance de seu mouse
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Clica que amplia, fariseu
Fala baixo pra não assustar.
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New Order? Em Curitiba?
Check in
(errou. tente aqui, agora)
Então, vamulá.
Os primeiros dois dias:
- sem fazer a barba - confere.
- sem tomar banho - confere.
- comendo só porcaria - confere.
- dormindo 14 horas cada - confere.
- trancado no quarto, deitado na cama, olhando pro teto - confere.
- com celular e fixo desligados - confere.
- acumulando e-mail sem responder - confere.
- sabendo das notícias do mundo pelos 2 segundos que a página do MSN fica aberta antes de carregar a do µTorrent - confere.
- revendo em seqüência: Dr. Fantástico, Coração Satânico e a trilogia De Volta Para o Futuro - confere.
Então é isso. Olhando aqui... assim, desse jeito assim... acho que não falta mais nada. A partir de agora já dá pra sair de casa e desfrutar dos meus outros 28 dias dessas tão abençoadas, aguardadas, treinadas e merecidas FÉRIAS!
(- trilha adequada ao espírito - confere.)